sábado, 19 de junho de 2010

Baú da Gesteira: Registos de Baptismo (Cadima) 1573-1600 - parte II

No seguimento da mensagem anterior exponho aqui dois tipos de dados: os nomes de baptismo da época e a distribuição dos mesmo baptismos pelas aldeias que então compunham o couto de Cadima.

Nomes de Baptismo
No que diz respeito aos nomes de baptismo (com mais ou menos precisão) a sua distribuição foi a seguinte: Para as mulheres, os três nomes mais comuns eram então Maria (15%), Isabel (10%) e Catarina (6%). No caso dos homens, os três nomes mais comuns eram Francisco (9%), Manuel (8%) e António (8%).
Em cerca de 16% dos casos não me foi possível ler o nome de baptismo.

Naquele tempo, uma em cada três crianças dos sexo feminino era baptizada com o nome de Maria.

Localidades
O couto de Cadima era uma área Gandaresa muito vasta, que então englobava o que são hoje as freguesias de Cadima e da Sanguinheira. Antes de 1600 muitas das localidades que hoje existem nestas freguesias, ou não existiam, ou então tinham nomes diferentes. A lista que segue apresenta as localidades e o seu peso no que diz respeito ao número de baptizados registados entre 1573 e 1600.

As 5 aldeias do Zambujal (sobretudo denominada na altura por Azambujal), Guimera, Cadima, Casal e Fervença (denominada muitas vezes de Ribeira) representariam cerca de 80% da população do couto de Cadima. Isto sem contar com os quase 13% de registos onde não é possível ver o local de naturalidade.
Há também a registar um baptizado de uma criança que não era natural do couto (Lemede) e o nome diferente de algumas localidades que ainda hoje existem (Póvoa, Lagoa Negra, Entraguas, Aljuriça, etc.)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Baú da Gesteira: Registos de Baptismo (Cadima) 1573-1600 - parte I

O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º concílio ecuménico. É considerado um dos três concílios fundamentais na Igreja Católica. Foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e a reação à divisão então vivida na Europa devido à Reforma Protestante, razão pela qual é denominado como Concílio da Contra-Reforma.

Para além de muitas decisões importantes que moldaram a igreja católica desde então, este Concílio teve especial importância para os pesquisadores de genealogia devido a uma das suas mais importantes resoluções, esta determinava que todas as crianças, para serem baptizadas na igreja católica deveriam possuir um nome cristão e um sobrenome de família, o uso de sobrenomes familiares foi então implantado definitivamente. E passou a registar-se os bapstizados, óbitos e casamentos.

Numa tentativa exaustiva de leitura dos registos paroquiais de baptismo da “antiga” freguesia de Cadima, cheguei finalmente ao ano de 1600. Apresento aqui alguns números e algumas curiosidades.
  • O primeiro registo de baptismo em Cadima foi registado a 30 de Setembro de 1573.
  • Desde essa data até ao final do ano de 1600 foram baptisadas 583 crianças (cerca de 22 crianças por ano).
  • Dessas crianças, 257 eram do sexo masculino, 231 do sexo feminino e 95 não é possível saber por ser ilegível.
  • Naquela altura não era muito comum referir o nome da mãe, dos 583 assentos de baptismo 278 não referiam o nome da mãe (quase 50%).
  • A localidade mais referida nos assentos é o Zambujal (ou Azambujal como se dominava naquela altura) com 158 baptisados.
  • O nome de baptismo mais comum é Maria, nada que nos surpreenda, com 85 baptisados.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Baú da Gesteira: Património Cultural

No seguimento do artigo sobre o “homem do corno”, vou descrever um pouco do que era vida na Gesteira há mais de 100 anos. Mais uma vez baseado no trabalho da tia Maria, e no que lhe fora contado pela minha bisavó Maria “Maranhoa”.

Segundo a minha bisavó, nascida em 1890, a Gesteira tinha ainda poucas casas no século XIX. Ela ficou orfã muito jovem e foi adoptada por um casal já idoso da Gesteira. Este casal criou a minha bisavó e contaram-lhe que havia muitas Giestas no local, e que grande parte do solo não era cultivado (era baldio). Os Gesteireses começaram a cercar e cultivar os terrenos, bem como a construir novas habitações.

Nessa altura cultivavam linho, e fiavam com teares manuais, faziam cmisas de linho largas e muito soltas, que lhes serviam de túnicas ou vestido, apertando-as com um colete até à cintura.

Este seria o traje dos mais jovens, que naquela altura passavam o tempo a guardar ovelhas até cerca dos 18 anos.

Os trabalhadores daquela época usavam camisas de pano crú. Os mais idosos usavam camisas de riscado, ceroulas de pano cru, e barrete. As senhoras vestiam blusas e saias de riscado, lenço e chapéu.

Traje domingueiro de homem: camisa de cabecilho, calças de burel e gabão.

Traje domingueiro de mulher: blusa de chita, saia de burel e tricanas.

Já então frequentavam os bailes, que ocorriam em casas particulares, ao toque de flautas, e mais tarde ao toque de pequenas consertinas, também conhecidas por “sanfonas”.

Nesses bailes, danaçava-se então a farrapeira, o rodízio, o verde-gaio, o vira, etc.

Farrapeira cantada pela minha bisavó:
Farrapeira velha balseada, valha Deus como ela é.
Faz fugir as velhas todas, lá pró canto da chaminé.
Chamaste-me farrapeira, eu não vivo de farrapos.
Tenho aqui uma saia nova, toda cheia de buracos.


No vira havia sempre um par de voluntários que cantavam ao desafio (normalmente um cantador e uma cantadeira), os pais da minha bisavó faziam parte destes animadores de festas.

Já exisitam também as festas tradicionais dos santos populares, nos lugares vizinhos, onde as pessoas íam levando a merenda, o vinho da região, geralmente transportado num corno de animal bovino, tratado e com uma correia para facilitar o transporte. E daqui surge a história do “homem do corno”.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Obrigado

Já lá vão 4 meses que iniciei este espaço. Já cá estão 22 artigos. Já cá se receberam 1000 visitas. A todos os que têm acompanhado o blog, e que me têm dado incentivo para continuar, queria deixar o meu Muito Obrigado! Voltem sempre e deixem também a vossa marca.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Hoje e amanhã: Entrevista ao jornal Independente de Cantanhede

Em 2009 a Lua veio a Portugal, pelas minhas mãos. Fiquei com uma história para contar e recontar às gerações actuais e vindouras.


Em 5 de maio de 2010 saiu no jornal Independente de Cantanhede uma entrevista sobre esta e outras aventuras da minha vida, um homem com raízes na Gesteira (entrevista de abril de 2010).


Essa entrevista pode ser consultada aqui: Gandarês teve a lua nas mãos