quarta-feira, 29 de setembro de 2010

2000

No passado dia 24 de Setembro este blog recebeu a visita número 2000. Obrigado a todos pelas visitas e pelo interesse.

No dia seguinte, mais um Gesteirense celebrou 86 anos na cidade de São Paulo, no Brasil. Parabéns ao aniversariante.

O estado de São Paulo deve conter a maior comunidade de Gesteirenses fora da Gesteira (até eu cá estou por uns tempos...)

Abraços

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Baú da Gesteira: Registos de Baptismo (Cadima) 1621-1630

Foi neste período que apareceram os primeiros registos que fazem referência à Gesteira. Mais concretamente em 12 de Julho de 1626, e depois em 22 de Agosto de 1628. Existiam portanto pelo menos duas famílias na Gesteira nessa altura.
Curiosamente há também a referência a vários novos locais durante este intervalo de tempo, como é o caso da Sanguinheira e da Lagoa do Grou, por exemplo. Neste intervalo de tempo foram baptizadas 316 crianças, mais 46 que no período anterior. Os nomes Maria e Manoel continuam a ser os mais populares.

Nomes de Baptismo
No que diz respeito aos nomes de baptismo, os mais comuns foram os seguintes:
  1. Manoel 19%
  2. Maria 19%
  3. Isabel 11,5%
  4. António 10,5%
  5. Francisco 5%
  6. Domingos 4,5% 
  7. Ana 4%
  8. Catarina 3%
  9. Thomé 3%
Não se notam alterações relevantes face ao período anterior (1611-1620). No caso das meninas, os três nomes mais comuns continuaram a ser Maria (19%), Isabel (11,5%) e Ana (4%). No caso dos rapazes, os três nomes mais comuns também se mantiveram, e eram então Manoel (19%), António (10,5%) e Francisco (5%).

Foram baptizados 54% de rapazes, 46% de raparigas.

Quase metade das crianças do sexo feminino eram baptizadas com o nome de Maria (46%).
Quase metade das crianças do sexo masculino eram baptizadas com o nome Manoel (43%).

Localidades
A lista que segue apresenta as localidades e o seu peso no que diz respeito ao número de baptizados registados entre 1621 e 1630 (este será um bom indicador do tamanho e importância de cada localidade, percentagens arredondadas):
  1. Zambujal 19,5%
  2. Guimera 17%
  3. Cadima 16,5%
  4. Casal 8%
  5. Ribeira (Fervença) 6,5%
  6. Água Doce  5%
  7. Póvoa 4,5%
  8. Olho 4%
  9. Escoural 3%
  10. Grou 2,5%
  11. Carvalheira 2%
  12. Aljuriça 1,5%
  13. Palhagueira (Palheira) 1,5%
  14. Braganção 1,5%
  15. Lagoa Negra 1,5%
  16. Entre Águas 1% 
  17. Seixo 0,5%
  18. Desconhecido 0,5%
  19. Azenha 0,5%
  20. Lagoa Seca 0,5%
  21. Vagos 0,5% 
  22. Corgo do Encheiro 0,5%
  23. Gesteira 0,5%
  24. Tentúgal 0,5%
  25. Taboeira 0,5% 
  26. Sanguinheira 0,5%
  27. Cabeça Alta 0,5%
  28. Porto Sobreiro 0,5%
  29. Marinhal 0,5%
  30. Pereira 0,5%
Cerca de 67% da população do couto de Cadima vivia nas aldeias de Zambujal, Guimera, Cadima, Casal e Ribeira (uma redução de 15% em comparação com o período anterior).
Na denominação de Ribeira incluo os registos de Ribeira, Ribeira da Fervença e Fervença, mas esta denominação era bem mais alargada e representava com certeza as populações que viviam junto às grandes e profundas ribeiras que cruzavam o couto. Houver uma forte redução do número de baptismos na Ribeira, o que pode significar que esses novos lugares fariam parte da Ribeira anteriormente.
Na denominação de Póvoa inclui-se os nomes de Póvoa, Póvoa da Ribeira, Córrego da Póvoa e Ribeira da Póvoa.


Curiosidades dos nomes de localidades durante este período:
  • Novas localidades refentes à naturalidade das crianças baptizadas ou dos padrinhos: Pereira (1630), Sanguinheira (1630), Marinhal (1627), Moínho do Porto Sobreiro (1627), Cabeça Alta (1627), Fonte (1627), São Silvestre (1622), Lagoa do Grou (1621).
  • Em 21 de Abril de 1624 foi baptizada uma criança, cujo pai era natural de Tentúgal, de nome Manoel Esteves, o escrivão do juíz dos orfãos de Tentúgal. Este era casado, a mãe da criança era sua criada, solteira;
  • Aos 14 de Março de 1629 foi baptizada Brites, filha de Thomé Jorge e de Isabel Francisca da Guímera. Foi padrinho João Garcia Barcellar morador em Cantanhede e Rendeiro do couto de Cadima e madrinha Brites Jorge mulher de Domingos Francisco morador na Póvoa. Este João Garcia é hoje uma personagem ligada à vila da Tocha, ver nota abaixo.
  • Aos 27 de Julho de 1630 foi baptizada uma criança, filha de Simão Pereira, sacerdote de missa, e de Inácia da Cruz cujo pai já era defunto. Ambos de Pereira.
  • Existem também referências a padrinhos naturais de Vila Franca (Arazede), Ermida (Mira), Covão do Lobo, Barrins (Tocha), São Fagundo (Coimbra), Cantanhede, Condeixa, Ribeira de Massalete (Tentúgal), etc.
  • As "fronteiras" estariam pouco definidas, e poderia haver algumas deslocações dos habitantes de uma localidade para outra com alguma facilidade.
  •  
    João Garcia Bacelar:
    Era um fidalgo que vivia na Galiza, e que muito jovem foi para Madrid para casa de um tio. Um dia, ainda muito jovem, caiu num precipicio, indo montado numa mula e acompanhado pelos seus criados. Pediu ajuda à Senhora D'Atocha para que o salvasse daquela queda.
    Foi, de facto encontrado são e salvo pelos seus criados. E o jovem João fez a promessa de erguer uma ermida à senhora D'Atocha que o salvara quando fosse uma pessoa importante.
    João Garcia Bacelar chegou a regressar à Galiza, mas veio depois para Portugal para junto de um tio abastado, que o adoptou. A lenda reza que foi a viajar pela zona da Gândara, mais concretamente junto à Quinta da Fonte Quente, que se apaixonou pela região e comprou o terreno a uma lavrador local onde mandou edificar a igreja em honra de Nossa Senhora D'Atocha. Ao que parece, a Santa estará na origem de muitos milagres.

    Referência: Junta de freguesia da Tocha

    Por aqui se pode ver que em 1630 João Garcia Bacelar já era Rendeiro do couto de Cadima, e que vivia em Cantanhede. Um rendeiro era uma espécie de contabilista público, um cargo de confiança na altura.

    (A continuar a partir de 1631...)

    sábado, 11 de setembro de 2010

    Sotaque da Gesteira: "Estrelar um ovo na péla"

    Péla é um termo da região Gandaresa que significa frigideira ou caçarola. Não confundir com o jogo da péla, que apesar de poder ser jogado com raquetes, parentes da frigideira, poderá não ter ligação com a origem deste termo tão Gandarês.

    Justamente, nos dicionários de português padrão, a palavra "péla" é:
    • a) bola revestida de pele; bola para jogo ou para brincar; jogo antigo, considerado como percursor do ténis, em que se batia uma bola com uma raqueta (Do latim vulgar *pilla-, por pila-, significando "bola");
    • b) cada uma das camadas de cortiça que o sobreiro vai dando; acto de pelar; descortiçamento.
    Agora, e desde que me lembro, na nossa Gândara sempre se estrelaram os ovos numa péla...

    sábado, 4 de setembro de 2010

    Baú da Gesteira: Registos de Baptismo (Cadima) 1611-1620

    Também ainda não foi neste período que o nome da aldeia foi registado nos registos de baptismo do couto de Cadima. Dos 270 registos estudados durante este período de 10 anos (mais 76 que o período anterior) surgiram algumas referência a novas localidades. Os nomes Maria e Manoel são os mais comuns.

    Nomes de Baptismo
    No que diz respeito aos nomes de baptismo, os mais comuns foram os seguintes:
    1. Manoel 23,5%
    2. Maria 20,5%
    3. Isabel 10,5%
    4. António 7,5%
    5. Ana 7%
    6. Francisco 6,5%
    7. Domingos 5%
    8. Catarina 3%
    9. Thomé 3%
    No caso das meninas, os três nomes mais comuns foram Maria (20,5%), Isabel (10,5%) e Ana (7%). No caso dos rapazes, os três nomes mais comuns mudaram, e eram então Manoel (23,5%), António (7,5%) e Francisco (6,5%).
    A quantidade de registos onde não foi possível ler o nome da criança baixou para 0%.
    Foram baptizados 52% de rapazes, 48% de raparigas.

    Quase metade das crianças do sexo feminino eram baptizadas com o nome de Maria (42%).
    Quase metade das crianças do sexo masculino eram baptizadas com o nome Manoel (47%).

    Localidades
    A lista que segue apresenta as localidades e o seu peso no que diz respeito ao número de baptizados registados entre 1611 e 1620 (este será um bom indicador do tamanho e importância de cada localidade):
    1. Cadima 18,5%
    2. Zambujal 18%
    3. Guimera 18%
    4. Ribeira 17%
    5. Casal 9,5%
    6. Água Doce  5,5%
    7. Escoural 2%
    8. Olho 2%
    9. Póvoa 2%
    10. Aljuriça 1,5%
    11. Seixo 1%
    12. Taboeira 1%
    13. Lagoa Negra 0,5%
    14. Desconhecido 0,5%
    15. Braganção 0,5%
    16. Azenha 0,5%
    17. Corgo do Encheiro 0,5%
    18. Entre Águas 0,5%  
    19. Lagoa Seca 0,5%
    20. Vagos 0,5%
    Cerca de 82% da população do couto de Cadima vivia nas aldeias de Zambujal, Guimera, Cadima, Casal e Ribeira. Na denominação de Ribeira incluo os registos de Ribeira, Ribeira da Fervença e Fervença, mas esta denominação era bem mais alargada e representava com certeza as populações que viviam junto às grandes e profundas ribeiras que cruzavam o couto.
    Na denominação de Póvoa inclui-se os nomes de Póvoa, Póvoa da Ribeira, Córrego da Póvoa e Ribeira da Póvoa.

    Curiosidades dos nomes de localidades durante este período:
    • Foi baptizada uma criança, cujo pai era natural de Vagos, a mãe era solteira, natural da Esgueira;
    • Em 1612 aparece a primeira referência à localidade de Pontes (Antónia, filha de Manoel Fernandes das Pontes);
    • Em 1614 aparece também a primeira referência à localidade do Olho. No mesmo registo a madrinha é da Ribeira da Graciosa;
    • Em 1616 a Azenha é referida como Azenha da Póvoa;
    • Em 1617 aparece uma referência a um padrinho dos Barrins (na altura denominada por Lombos dos Barris);
    • Também em 1617 aparece a referência a um padrinho da localidade da Córrega;
    • Em 1620, uma madrinha de baptismo é moradora no lugar das Palheiras (hoje denominada Palhagueira);
    • O facto de não haver quaisquer registos nalgumas localidades anteriormente referidas pode indicar que eram pouco povoadas (apenas uma ou duas casas) ou que estas se incluem por vezes na denominação de Ribeira. É o caso de Lagoa Negra, Entre Águas, Lagoa Seca, Corgo do Encheiro, por exemplo;
    • As "fronteiras" estariam pouco definidas, e poderia haver algumas deslocações dos habitantes de uma localidade para outra com alguma facilidade.

    (A continuar a partir de 1621...)

    quarta-feira, 1 de setembro de 2010

    Sotaque da Gesteira: "Este fruto boleco não comerei!"

    Boleco (lê-se "Bolêco") é mais uma das palavras relativamente comuns na nossa região, pela voz dos nossos avós e pais.

    Nos dicionários on-line até se encontra a definição para o adjetivo, nomeadamente:

    http://www.dicio.com.br/boleco/
    http://lexico.universia.pt/boleco/
    http://www.significadodepalavras.com.br/Boleco



    Boleco é portanto, de acordo com esses dicionários, um adjetivo da zona da Bairrada (também usado na Gândara), e significa fruto arejado ou que amadureceu anormalmente, significa também fruto ressequido, sem substância, engelhado, murcho e quase seco ou oco.

    Tem um significado semelhante a "chocho".

    Exemplo:
    "Não comas essas maçãs porque estão bolecas."






    Lembro-me das laranjas bolecas, quando estas ficam moles, enrugadas, com a casca mole.